Faz de conta que nasci agora e não sei do que o mundo é capaz
Se eu fosse o rei de todas as coisas, elas seriam lindas demais
Faz de conta que nasci do vento de todo absurdo
Que nasci da mágica de um encanto surdo
Que a gente é tudo o que nasceu pra ser
Faz do nosso conto uma verdade que ninguém contou
Se eu fosse a primavera, em nenhum outono morreria flor
Faz do nosso conto um absurdo lindo
E do absurdo um verso indescritível
Que só a gente nasceu pra escrever
Faz de nós um canto, uma voz branda que a tudo ensurdece
Se eu fosse a dura lenha, é só teu fogo que me anoitece
Um dia tudo vai me aquecer
Mas, faz de conta que é você quem faz
O meu coração confundir incêndio com amor demais
Prepare seu campo minado, pra que você, um dia
atravesse sem medo e, como nós, imune a minas
Ainda somos aqueles que sambam
Mesmo quando tudo está tão ruim
Se eu fosse o tempo das coisas bonitas, nada mais teria fim…
Ithalo Furtado